Compreender o cancro da próstata
Compreenda o impacto do cancro da próstata e como é que a doença progride.








O cancro da próstata é o tipo de cancro mais frequentemente diagnosticado em homens a nível mundial. Em 2020, foram diagnosticados cerca de 1.414.249 novos casos de cancro da próstata. Apesar de progredir lentamente, continua a ser a quinta principal causa de morte entre os homens em todo o mundo. 1a 2a
Estima-se que em Portugal, durante o ano 2022, tenham surgido 7.529 novos casos de cancro da próstata, revelando-se o mais frequente nos homens e a terceira causa de morte oncológica em Portugal. 3
Isto representa um impacto médico considerável devido ao potencial sobretratamento de cancro da próstata de baixo risco e, por outro lado, às opções terapêuticas limitadas para casos avançados. Consequentemente, há uma necessidade crescente de abordagens de tratamento mais direcionadas e precisas.1b 2b
O cancro da próstata é uma doença maligna com origem na próstata. O desenvolvimento deste tipo de cancro está associado a mutações somáticas no material genético das células epiteliais da próstata. Em alguns casos, a progressão da doença após o tratamento pode ser atribuída a características intrínsecas das células ou a mecanismos de resistência adquirida. 4
Os fatores de risco que se considera estarem estabelecidos para o cancro da próstata são: 5a 6a
Idade
O risco de cancro da próstata aumenta com a idade, sendo mais comum em homens mais velhos. Estudos demonstraram que o risco de desenvolver cancro da próstata aumenta significativamente após os 55 anos, atingindo o pico entre os 70 e os 74 anos, para depois diminuir ligeiramente.
Altura
A altura mais elevada está consistentemente associada com risco aumentado de cancro de próstata geral e de alto grau. O potencial mecanismo subjacente a esta associação pode estar relacionado com os níveis do fator de crescimento semelhante à insulina durante a puberdade.
Etnia
O cancro da próstata é mais comum e mais agressivo em homens negros. O risco de cancro da próstata é aproximadamente 60% mais elevado nestes homens. No entanto, as diferenças de risco podem dever-se a fatores genéticos, fatores ambientais ou a uma interação entre ambos.
Histórico familiar
Um histórico familiar de cancro da próstata, especialmente em parentes próximos como o pai ou irmão, pode aumentar o risco, sugerindo que fatores genéticos possam desempenhar um papel.
Outros fatores de risco que estão a ser investigados incluem a dieta ocidental, fatores hormonais e condições médicas concomitantes 5b
O estadio inicial do cancro da próstata é, geralmente, assintomático. No entanto, por vezes pode causar sintomas tais como 1b 7a:
*como o aumento da frequência.
Nos estadios avançados do cancro da próstata, os sintomas podem progredir para:
*nas pernas ou na área pélvica devido ao envolvimento dos gânglios linfáticos. 7b
Existem vários procedimentos envolvidos no diagnóstico do cancro da próstata:1c 8
Exame retal digital (ERD)
O profissional de saúde (HCP) examina a glândula prostática do doente procurando identificar sinais anormais, como nódulos ou zonas duras.
Análise sanguínea do antigénio específico da próstata (PSA)
O PSA é uma proteína produzida pela próstata. Níveis elevados de PSA estão associados ao cancro da próstata, observando-se que são superiores a 4 ng/ml na apresentação inicial em 80% dos casos de cancro da próstata.
Imagiologia médica
A ecografia transretal (TRUS) e a ressonância magnética (RM) são as principais modalidades de imagem utilizadas para a deteção e o diagnóstico inicial do cancro da próstata.
Imagiologia PET/CT para o antigénio específico da membrana prostática (PSMA)
Esta é uma técnica de imagem que utiliza um radioligando específico para o PSMA, para permitir a deteção de lesões positivas para o PSMA e avaliar a sua localização.
Biopsia
Envolve a remoção de uma pequena amostra de tecido da próstata para exame histológico. Esta é a forma mais definitiva de diagnosticar o cancro e determinar o seu índice de Gleason (uma medida da agressividade).
Estadiamento clínico
O sistema tumor, nódulo, metástase (TNM) é o mais utilizado para avaliar e classificar o estadio do cancro da próstata. Os seus componentes incluem o tamanho e a extensão do tumor, a presença de gânglios linfáticos afetados, o nível de PSA, o índice de Gleason (de uma biópsia ou amostra cirúrgica) e a presença de metástases.
O primeiro passo na gestão do cancro da próstata é avaliar a necessidade de tratamento. O cancro da próstata, especialmente no caso de tumores de baixo risco, apresenta muitas vezes um crescimento tão lento que o tratamento pode não ser necessário. Isto aplica-se particularmente a doentes idosos e àqueles com condições clínicas concomitantes, nos quais a expectativa de vida pode ser razoavelmente limitada a 10 anos ou menos.1d 9a 10a
No entanto, quando o tratamento é considerado necessário, estão disponíveis várias opções, entre as quais:
Vigilância ativa
Para o cancro da próstata de baixo risco e em estadio inicial, alguns doentes podem optar por vigilância ativa, que consiste na monitorização cuidadosa do cancro através de testes regulares de PSA, exames retais digitais (ERD) e biopsias periódicas.
Cirurgia
A prostatectomia radical é uma opção para o cancro da próstata localizado. Consiste na remoção cirúrgica de toda a glândula prostática.
Radioterapia
Esta terapêutica utiliza raio-X de alta energia para atingir e destruir as células cancerígenas na próstata. A radioterapia pode ser usada como tratamento primário para o cancro da próstata localizado ou em combinação com outras terapias, como cirurgia ou terapia hormonal, dependendo do estádio e das características do cancro.
Terapêutica com medicamentos
As abordagens com terapêuticas medicamentosas podem incluir terapêutica de privação androgénica (TPA), quimioterapia, inibidores da via do recetor do androgénio, terapêutica com radioligandos, entre outros. 9b
A progressão da doença no cancro da próstata afeta a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes. 11
A identificação da progressão é essencial para ajudar a melhorar os resultados dos doentes, uma vez que pode oferecer uma oportunidade para otimizar ou alterar as abordagens de tratamento. Na prática clínica, existem vários fatores a considerar ao determinar o momento adequado para ajustes terapêutico:1e 10b 12 13
Monitorização da recidiva bioquímica
Monitorização e gestão dos sintomas relacionados com o cancro
Análise clínica e experiência do profissional de saúde
Avaliações regulares com um profissional de saúde são cruciais no tratamento do cancro da próstata. Estas permitem a identificação precoce e a monitorização da progressão da doença. Através de avaliações clínicas de rotina, testes de PSA, exames imagiológicos e exames físicos, os profissionais de saúde conseguem acompanhar as alterações no estado do cancro e ajustar o tratamento, se necessário.
Um acompanhamento atempado é fundamental para otimizar os resultados e garantir a gestão mais adequada do cancro da próstata, proporcionando os melhores cuidados ao doente.
Saiba mais sobre a identificação da progressão no cancro da próstata, incluindo a deteção através do PSMA.
CPRCm, cancro da próstata resistente à castração metastático
ERD, exame retal digital
PET, tomografia por emissão de positrões
PSA, antigénio específico da próstata
PSMA, antigénio de membrana específico da próstata
RLI, diagnóstico com radioligandos
RLT, terapêutica com radioligandos
RM, ressonância magnética
TAC, tomografia computorizada
TNM, sistema tumor, nódulo, metástase
TPA, terapêutica de privação androgénica
TRUS, ecografia transretal
1a 1b 1c 1d 1e Leslie SW, Soon-Sutton TL, R I A, Sajjad H, Siref LE. Prostate cancer. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; November 13, 2023.
2a 2b Wang G, Zhao D, Spring DJ, DePinho RA. Genetics and biology of prostate cancer. Genes Dev. 2018;32(17-18):1105-1140. doi:10.1101/gad.315739.118
3 Ferlay J, Ervik M, Lam F, Laversanne M, Colombet M, Mery L, Piñeros M, Znaor A, Soerjomataram I, Bray F (2024). Global Cancer Observatory: Cancer Today. Lyon, France: International Agency for Research on Cancer. Available from: https://gco.iarc.who.int/. Acedido em Maio de 2025
4 Wasim S, Lee SY, Kim J. Complexities of prostate cancer. Int J Mol Sci. 2022;23(22):14257. doi:10.3390/ijms232214257
5a 5b Gann PH. Risk factors for prostate cancer. Rev Urol. 2002;4 Suppl 5(Suppl 5):S3-S10.
6a 6b 6c Bergengren O, Pekala KR, Matsoukas K, Fainberg J, Mungovan SF, Bratt O, Bray F, Brawley O, Luckenbaugh AN, Mucci L, Morgan TM, Carlsson SV. 2022 Update on Prostate Cancer Epidemiology and Risk Factors-A Systematic Review. Eur Urol. 2023 Aug;84(2):191-206. doi: 10.1016/j.eururo.2023.04.021. Epub 2023 May 16. PMID: 37202314; PMCID: PMC10851915.
7a 7b Cancer Research UK. Symptoms of metastatic prostate cancer. Updated July 20, 2022. Accessed July 19, 2024. https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/prostate-cancer/symptoms
8 Cancer Research UK. Tests for prostate cancer. Updated April 7, 2022. Accessed July 19, 2024. https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/prostate-cancer/getting-diagnosed/tests-for-prostate-cancer
9 Cancer Research UK. Treatment options for prostate cancer. Updated July 5, 2022. Accessed July 19, 2024. https://www.cancerresearchuk.org/about-cancer/prostate-cancer/treatment/decisions-about-your-treatment
10a Cornford P, Tilki D, van den Berg, et al. EAU-EANM-ESTRO-ESUR-SIOG guidelines on prostate cancer. European Association of Urology; 2024
11 Czerw, A et al. Prostate Cancer—Research Advances in Early Detection. J. Clin. Med. 2025, 14, 3067
12 Darwish OM, Raj GV. Management of biochemical recurrence after primary localized therapy for prostate cancer. Front Oncol. 2012;2:48. doi:10.3389/fonc.2012.00048
13 Canadian Cancer Society. Follow-up after treatment for prostate cancer. Updated February 2021. Accessed July 19, 2024. https://cancer.ca/en/cancer-information/cancer-types/prostate/treatment…
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